9 julho 2020
CIBERPASSADO: SÉTIMA PARTE – 1997 (Nasce o Meu Lab)
De volta com mais cibernostalgia K – este texto nos leva de volta a um ano muito especial para a empresa: o ano de sua fundação! E como você pode ver a partir da data em nosso certificado de registro da empresa, foi em 26 de junho de 1997:
E é por isso que realizamos nossa mega festança de aniversário todo mês de junho Julho (não pergunte; o que é um mês entre amigos ?!) – mas não neste ano: a primeira vez que não fizemos uma. Uma vergonha. Mas fazer o quê?
Lembro da nossa primeira festa de aniversário no ano seguinte, em 1998, em uma pista de boliche bem grosseira. Não muito impressionados com esse cenário, fizemos as pazes no ano seguinte – já nos ramificando para a zona rural em torno de Moscou, onde tem sido todo ano desde então, e onde realmente espero que seja novamente no próximo ano.
Outro curioso conto-K do verão de 1997.
Antes do registro da empresa, estávamos com problemas para decidir um nome. Minha ex-esposa e ex-parceira de negócios, Natalya Kaspersky, sugeriu ‘Kaspersky Lab’, mas eu realmente não queria que meu sobrenome fosse usado (muito modesto e tímido; brincadeira!). Ainda assim, como mostra a história, foi o que escolhemos. Por fim, fui persuadido por ela quando ela me contou como meu (nosso) segundo nome já era um pouco famoso (nossos primeiros produtos já existiam há algum tempo, havia artigos meus publicados em revistas impressas e na internet, além das falas públicas e várias outras atividades da mídia). Portanto, tirar proveito desse ‘avanço’ fazia muito sentido – economizaria muito dinheiro com a promoção de uma nova marca totalmente desconhecida. No final, Natalya disse que ‘KL’ era seu melhor palpite para o nome. Se eu não estivesse certo, precisava criar um diferente (e melhor). Como eu não tinha um, então ficamos com KL.
Ainda assim, até hoje, estremeço um pouco por dentro sempre que ouço meu sobrenome quando me refiro à empresa ou aos nossos produtos e serviços. Não tenho certeza se algum dia vou estar 100% confortável com isso. Não sei ao certo o motivo … Ah, e se você já viu um texto com o nome da empresa na íntegra (agora – ‘Kaspersky’; anteriormente – ‘Kaspersky Lab’), pode ter certeza de que não foi escrito por mim. Se você lê este blog há algum tempo, notou que nunca escrevo meu sobrenome com o nome da empresa, sempre preferindo apenas “K” (anteriormente “KL”). Ok, o nome de um produto ou serviço ocasional eu posso citar por completo, mas apenas ao introduzi-lo pela primeira vez, além disso… não, obrigado).
Mas continuando…
Então, onde eu estava? Ah sim – 1997. Prestes a registrar a KL, sentindo-se confiante e otimista…
Confiante e otimista em todas as coisas de cibersegurança/software, além de vendê-lo (já estava por aí na Rússia, na Europa e na América), mas quando se tratava de questões jurídicas, praticamente não tínhamos ideia do que fazer. Então, como registramos a empresa? Felizmente, nosso vizinho onde morávamos nos ajudou. Ele sabia exatamente o que fazer: preparou a papelada e nos acompanhou um dia a um escritório de advocacia local. Infelizmente, nenhuma foto daquele dia sobreviveu ao tempo. Ou talvez não tenhamos tirado nenhuma – quem diria que aquela nova pequena empresa, com um capital inicial de um punhado de rublos, se tornaria uma bola de neve, como acabou acontecendo? Certamente, não a gente. Estabeleci nossa missão antes de 1997 – ‘fazer o melhor antivírus do mundo’ -, mas isso não previa uma empresa global com mais de 4.000 funcionários em escritórios espalhados por 30 países. Estávamos tentando sobreviver em 1997, sem investidores, nem potenciais investidores, nem golpes de sorte, apenas trabalho duro!
Os primeiros meses de nossa existência como empresa registrada foram, de fato, de muito trabalho duro e, às vezes, parecia que estávamos ‘living on a prayer’ (sim – como diz o nome da música famosa!), em vez de termos uma renda regular. Encerrei meu contrato de trabalho para a Sophos, os finlandeses (Data Fellows/F-Secure) ainda não tinham começado a nos pagar (mas eles nos faziam empréstimos) e tínhamos 15 salários a pagar todos os meses. Em suma, isso fez com que os primeiros “KLers” não fossem pagos a tempo. Ai. Putz. Quase ficou feio, com um grupo de funcionários em um determinado momento fazendo piquetes no escritório de Natalya, com cartazes escritos ‘Nós realmente queremos cerveja!’, fazendo uma bela “recepção” quando ela voltou do almoço um dia! Como eu disse, quase foi feio. Mas, de alguma forma, conseguimos, cortamos e sempre pagamos esses salários, embora com um pouco de atraso quando estávamos no nosso ponto mais baixo.
Mas também teve muita coisa positiva naqueles primeiros dias…
Demos nossos segundo grande passo (o primeiro foi nossas vitórias constantes em testes antivírus independentes, desde 1994). Foi quando o monopólio da DialogScience sobre o mercado de antivírus russo (particularmente o de antivírus doméstico) desabou, e gradualmente crescemos para assumir a liderança do mercado. Isso ocorreu principalmente devido ao fato de termos (finalmente!) uma versão para Windows (que também era bastante leve e conveniente). Os concorrentes tinham apenas uma versão para o MS-DOS. Também recebemos a ajuda da promoção ‘gratuita’ de nossos produtos via… CDs piratas vendidos em lugares famosos como o shopping Gorbushka, nos arredores de Moscou (na verdade, a certa altura – também na floresta ao lado, onde barracas apareciam todo fim de semana vendendo somente… qualquer coisa pirateada:).
Espera aí – fomos “ajudados” pela pirataria de software? Sim senhor. Os piratas naqueles selvagens anos 90 inesperadamente copiavam, distribuíam e vendiam nosso produto (sem que tivéssemos qualquer lucro!). E vendedores em bancas de mercado e em quiosques prontamente poderiam nos recomendar, e somente a nós! Lembro-me de uma vez que alguém até me trouxe um disquete pirata com o nosso antivírus, com um adesivo e um texto que dizia: “O antivírus mais legal do mundo”!
No outro extremo – respeitável (e lucrativo!) – do espectro do varejo, grandes organizações estatais decidiram nos dar atenção de vez em quando. E mesmo que nosso antivírus não estivesse pronto para ser usado em redes corporativas grandes e complexas, nossos produtos foram comprados como uma espécie de “desinfetante de vírus” alternativo. Eles não compraram muitos, mas essas compras iniciais representaram nossos primeiros passos no segmento de soluções robustas de classe empresarial.
Continua!…
PS: Caso você tenha perdido – aqui estão as partes anteriores dessa série:
CIBERPASSADO: PRIMEIRA PARTE – 1989-1991
CIBERPASSADO: SEGUNDA PARTE – 1991-1992
CIBERPASSADO: TERCEIRA PARTE – 1992-199X
CIBERPASSADO: QUARTA PARTE – CEBIT
CIBERPASSADO: QUINTA PARTE – 1996 (O ano em que tudo mudou)
CIBERPASSADO: SEXTA PARTE: Falando com a mídia